lunática
LUNÁTICA todas as mulheres que conheço sei pela beleza e pela força do oceano indizível mas você, eu desejaria decifrar pelo olhar não o olhar que tenho ao vê-la impressa na folha às letras esfareladas, como se se soltassem do ramo mais alto, sem agonia ou lamento, e procurassem penetrar a terra você, eu desejaria decifrar pela clemência celestial seus olhos enxergando entre os ramos de um ipê-branco uma família de pássaros dançando o azul oceânico contido no sono profundo dos peixes nadando ao fundo do último segundo que precede a aurora você, eu desejaria decifrar pelo fim — as anchovas libertadas da hora mais escura do facismo da Lua, que dita as marés noturnas e pungentemente impugna a dor às mulheres de seis séculos firmados pela travessia ao revés